Retrospectiva 2021: Melhores livros do ano

Anna Lydia
6 min readJan 11, 2022

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Adoro fim de ano, este clima de renovação e esperança. E além do que, em dezembro faço aniversário e tenho ainda mais este sentimento de olhar para o ano e o ciclo que se encerram.

2021 foi um ano bom de leituras, principalmente até Outubro. Fim de ano dei uma esquecida na meta de leituras, mas mesmo assim, o resultado foi positivo.

Com este texto, quero apresentar os livros que mais gostei neste ano. Não significa que tenham sido lançados em 2021, apenas lidos neste ano e que, de alguma maneira, mexeram comigo, ou gostei da escrita.

Então, vamos lá?!

1- Grande Magia

Este livro foi uma surpresa para mim. No início do ano, estava passando por uma fase ruim de criatividade, não conseguia pensar em nada e não levava uma vida criativa. Foi quando vi este livro e decidi comprar.

Escrito por Elizabeth Gilbert (Comer, rezar e amar), o livro fala sobre como levar uma vida criativa sem medo e sem restrições. De forma muito leve, a autora constrói sua narrativa dividida em 6 partes: coragem, encantamento, permissão, persistência, confiança e divindade.

Contando causos reais sobre ela e pessoas conhecidas, ela acredita que a criatividade é algo mágico, disponível e acessível para todos.

Mas, precisamos estar atentos a este fio criativo que passa sobre nós. Se o perdermos, ele irá para outra pessoa, e assim por diante.

O que mais gostei do livro é que, além de ser uma leitura agradável e bem humorada, ele me trouxe aquela sensação de leveza, de não me cobrar tanto, pois sou criativa sem precisar ser escritora ou artista.

Todos nós podemos seguir uma vida assim, basta ser curioso e estar atento aos sinais.

O livro me deixou tranquila ao não pressionar minha criatividade, mas deixar ela acontecer naturalmente, sem esperar perfeição.

Recomendo muitíssimo!

2- O quarto de despejo

Muito conhecido e escrito por Carolina Maria de Jesus, só fui ler esta obra neste ano. É um soco no estômago, do início ao fim. Impossível não se revoltar ou não se emocionar com a história da favelada Carolina e de seus 3 filhos.

O livro é um diário da vida de Carolina, mãe solo e catadora de papelão moradora da favela do Canindé, marcada pela fome, violência, preconceito e descaso.

Em 1948, quando começaram a demolir as casas térreas para construir os edifícios, nós, os pobres que residíamos nas habitações coletivas, fomos despejados e ficamos residindo debaixo das pontes. É por isso que eu denomino que a favela é o quarto de despejo de uma cidade. Nós, os pobres, somos os trastes velhos.

A cada capítulo, é uma dificuldade diferente e, apesar de ser uma narrativa dos anos 1950, as histórias não são distantes do que vemos ainda hoje. Parece que pouca coisa, ou quase nada, mudou.

As pessoas continuam a sentir fome, a se desdobrar para conseguir um pedaço de pão enquanto são invisíveis na sociedade.

A tontura da fome é pior do que a do álcool. A tontura do álcool nos impele a cantar. Mas a da fome nos faz tremer. Percebi que é horrível ter só ar dentro do estômago.

O livro merece e deve ser lido, porque, além de fazer denúncias sociais, mostra a grandeza das reflexões de Carolina, uma mulher pouco letrada (ao contrário dos autores que estamos acostumados a ler), com uma narrativa forte e impactante.

3- A vida mentirosa dos adultos

Este livro foi outra grande surpresa de 2021. Não conhecia, até então, a escritora italiana Elena Ferrante, e muito menos que era um best-seller. E escolhi este livro ao acaso para comprar e ler.

Que alegria a minha ao começar as primeiras páginas e me deliciar com a forma de escrita de Elena e a história de Giovanna, adolescente de 12 anos, filha de pais professores de classe média.

Foi assim que, aos doze anos, soube pela voz do meu pai, sufocada pelo esforço de mantê-la baixa, que eu estava ficando igual à sua irmã, uma mulher na qual — eu o ouvira dizer desde sempre — feiura e maldade coincidiam perfeitamente.

Aqui a trama começa. Prestes a completar 13 anos, Giovanna quer conhecer melhor a sua família e a si mesma, e tentar entender o que essa tia tem para causar tamanha repulsa em seus pais.

A história é marcada por brigas familiares e a transformação da meiga menina para a revoltada e independente adolescente Giovanna.

O livro me rendeu boas tardes de uma leitura deliciosa, a ponto de me fazer querer conhecer mais da escritora, conhecida pela tetralogia napolitana — composta pelos volumes A amiga genial, História do novo sobrenome, História de quem foge e de quem fica e História da menina perdida — , fenômeno mundial.

Vale a pena ler e conhecer outros livros da escritora.

Uma dica, caso não tenha lido nenhum livro da Elena Ferrante, é assistir ao filme A filha perdida, da Netflix, baseado no livro de mesmo nome da escritora. Vai dar um gostinho para querer conhecer sua escrita.

4- Torto Arado

Acredito que este livro dispense apresentação. Ganhador do Prêmio Jabuti — Romance Literário — 2020, a obra do escritor Itamar Vieira Júnior vendeu mais de 100 mil exemplares e se tornou um sucesso de crítica.

Inclusive, foi o livro mais vendido na Amazon em 2021.

Costumo não me render tão rápido aos livros muito conhecidos, mas Torto Arado me aguçou a curiosidade. “Por que este livro está tão bem falado? Todos os conhecidos estão falando sobre ele, deve ser uma leitura interessante.”

Bom, e realmente, é uma leitura mais que interessante. A história se passa no interior do sertão brasileiro quando duas irmãs, ainda crianças, acham uma misteriosa faca de sua avó Donana. E a partir disso, começa a história de Bibiana e Belonísia.

O livro é construído em 3 partes, sendo cada um deles narrado por uma personagem feminina e sua visão sobre os acontecimentos na família, a partir do trágico acontecimento na infância, e no sertão nos anos 1960.

A trama acontece em meio à ainda recente abolição da escravatura, mas somente no papel, pois as famílias ainda trabalham para ter moradia e comida, sem descanso e sem direito à terra.

Recomendo muito, pois além de ser uma escrita empolgante, a história apresenta um pouco sobre a cultura do sertão, suas crenças e vivências, e todas as dificuldades passadas por estas famílias em busca de uma vida melhor.

5- O mito da beleza

Este é outro clássico e um dos mais inspiradores livros do movimento feminista, mas que fui ler somente neste ano. Escrito pela jornalista Naomi Wolf, foi publicado em 1991 nos Estados Unidos e, no Brasil, em 1992.

Gostei muito do livro, pois me abriu a mente para diversas situações que passei na minha infância e adolescência. Até falei um pouco sobre isso aqui.

A leitura deste livro mexeu muito comigo e o que penso a respeito de mim mesma e de autoestima. E também me fez refletir sobre o que somos ensinadas quando novas a respeito de beleza e do que devemos seguir para sermos aceitas e amadas.

“Uma fixação cultural na magreza feminina não é uma obsessão com a beleza feminina, mas uma obsessão com a obediência feminina”.

É uma leitura um pouco mais densa, por conta das diversas informações, mas também pelo que pode trazer de reflexão e lembranças.

Ficam algumas ressalvas em relação ao livro, muito por ele ter sido publicado no início dos anos 90, então diversas situações mudaram, principalmente em relação à cirurgia estética.

Há algumas críticas em relação à falta de fontes e dados nas informações passadas por Naomi Wolf. Vale a pena pesquisar um pouco mais sobre isso.

Porém, para mim, não tira o mérito do que o livro representa para o pensamento feminista e de como ele pode ser um caminho no processo de amor próprio e autoestima.

E você, quais foram os livros marcantes de 2021? Me conte nos comentários, vou adorar conhecê-los.

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Anna Lydia

Sou jornalista por Formação, amo escrever sempre que possível. Apaixonada por livros, filmes, comportamento humano e histórias inspiradas.